Sustentabilidade

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Por Vilmar Berna*, do Portal do Meio Ambiente

 
Para se chamar sustentável uma atividade deve respeitar, no mínimo, e de forma equilibrada, exigências ambientais, sociais e econômicas com o objetivo de atender as necessidades das atuais gerações sem comprometer o atendimento das necessidades das novas gerações no futuro.
O problema dessa ideia de sustentabilidade é que sequer consegue dar conta, no campo das próprias idéias, de uma proposta capaz de enfrentar o principal problema em nossa sociedade, que não é a destruição da natureza, mas as estruturas Injustas de nossa sociedade que estão por detrás desta destruição, e não para atender às necessidades das atuais gerações sem comprometer o atendimento das demais gerações no futuro, conforme diz na promessa, mas para gerar lucros crescentes e ilimitados que resultarão em maior concentração de renda.
Então, se já no papel a ideia é insuficiente, colocá-la na pratica fica pior ainda.
Do ponto de vista social, os que falam em sustentabilidade social se resumem a políticas industriais que mecanizam a produção demitindo trabalhadores numa ponta enquanto investem e divulgam políticas e projetos de RSC – Responsabilidade Social Corporativa na outra, mas que comparados aos seus lucros econômicos, não passam de migalhas.
Quanto aos custos ambientais, estes serão repassados, como sempre, aos consumidores, e também contribuintes, que tem de gastar dinheiro de impostos para cobrir custos que são de quem originou o problema.
Só para dar um exemplo disso, cito as empresas que se dizem sustentáveis despejarem bilhões de embalagens no mercado obtendo lucros com os produtos que vendem. E pela pratica de preço mínimo pelas embalagens coletas pelos catadores, querem obter lucros novamente, e em cima de um segmento da sociedade formado por pobres e excluídos. A parte que conseguem recolher de suas embalagens com tais políticas, proporcionalmente pequena ao produto novo que colocou no mercado, excetuando-se alguns materiais, como o alumínio, que por remunerarem melhor aos catadores chega a noventa por cento de retorno das embalagens. Quanto ao restante das embalagens não retornadas para a indústria que originou o problema vira lixo para o meio ambiente. Lixo que tem de ser coletado, transportado e disposto em aterros com o dinheiro dos impostos de todos os contribuintes muitos dos quais não consumiram aqueles produtos. Uma pratica conhecida como capitalizar os lucros e socializar os prejuízos.
No mundo real, cada um que fala em sustentabilidade puxa a brasa para sua sardinha e o termo carrega em si tanta ambigüidade que se presta a moldar-se ao gosto do freguês. Para alguém comprometido com lucros crescentes e ilimitados a palavra sustentável terá ênfase nos aspectos mais econômicos dessa sustentabilidade, então, não pode ser confiável por que nunca se sabem as reais intenções por detrás das promessas e palavras em nome da sustentabilidade.
* Vilmar Sidnei Demamam Berna é escritor, com cerca de vinte livros publicados, destacando-se “O Desafio do Mar”, “É possível ser feliz”, “O desafio de escolher”, entre outros. Vilmar é também jornalista, em 1966 fundou a REBIA – Rede Brasileira de Informação Ambiental (www.rebia.org.br ) e a Revista do Meio Ambiente (que substituiu o Jornal do Meio Ambiente) e o Portal do Meio Ambiente ( www.portaldomeioambiente.org.br ). Como ambientealista, fundou a UNIVERDE e os Defensores da Terra, duas organizações da sociedade civil sem fins lucratiuvos dedicadas à defesa do meio ambiente. Em 1999, recebeu no Japão o Prêmio Global 500 da ONU Para o Meio Ambiente e, em 2003, o Prêmio Verde das Américas – www.escritorvilmarberna.com.br

(Envolverde/O autor)

 
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