Que planeta queremos deixar para as gerações futuras

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O século XX, basicamente a partir da década de 60, com o movimento hippie, parte da humanidade começou, através do binômio paz e amor, a usar a lógica não-linear, o agir com o coração, aprimorando a intuição (essencialmente feminina), desenvolvendo um sentimento de pertença, de integração à natureza.

A partir daí, foi dado início a um novo movimento, a um culto ao amor, um culto ao verde. O homem se aproximando do natural. Com base nessa vivência reforça Leonardo Boff (1): Como bem dizia Santo Agostinho na esteira de Platão: “nós conhecemos à medida que amamos”. No mundo vários movimentos, tais como organizações não-governamentais, começaram a surgir voltados para o fortalecimento de um equilíbrio harmônico entre economia, meio ambiente e social.

A Constituição Federal de 1988, ao legislar sobre a Ordem Social, positivou um capítulo direcionado ao Meio Ambiente, e, com o maior primor, estabeleceu como base o art. 225 “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”.
Destarte foi atribuído a todos um direito-dever. Nós, os filhos da terra, a generosa Pacha-mama, temos o dever de preservá-la não somente para garantirmos uma vida digna, saudável para nós todos como também para as gerações vindouras. Daí extrai-se vários princípios basilares tais como: obrigatoriedade da intervenção estatal, meio ambiente ecologicamente equilibrado, responsabilidade, participação comunitária, cooperação entre os povos entre outros.

Com o surgimento de inúmeras conferências ambientais e normatizações a respeito, pode-se dizer que, em razão de uma crise que vem despontando e crescendo vorazmente, produto da tensão entre desenvolvimento e preservação do Meio Ambiente, está nascendo um novo paradigma, uma mudança de conduta, uma nova ética. O homem está num processo de re-ligação à natureza, percebendo que aquilo que ele supunha ser inesgotável não o é.
Quando se fala em gerações futuras devemos nos questionar: – É justo destruirmos o que tomamos emprestado dos nossos descendentes? A Terra que nossos ascendentes nos deixaram merecia ser tratada da forma como vem sendo tratada? Estamos extrapolando nossos direitos e descumprindo nossos deveres!

A Terra, a dignidade da pessoa humana é direito que todos deveriam poder aceder. É preciso um pensar global, de forma holística, e um agir local. É o todo em tudo e é o tudo em uma parte. É o agir com responsabilidade, com solidariedade.
O Planeta a ser deixado precisa ser explorado de forma criteriosa, sem antropocentrismo, na rota de um grande sistema homeostático.
Entretanto, percebe-se que a Terra está doente. E, na opinião de Leonardo Boff (2) “se o mundo está doente é indício de que nossa psique também está doente”. A deterioração da natureza provocada pelo homem, em muitas situações já não dá mais para voltar ao status quo ante. Com essa atitude, negou-se às futuras gerações o direito à Terra que elas nos emprestaram. Usurpamos do poder. Olvidamos-nos do dever.

Diante de tantas catástrofes ambientais que vêm ocorrendo, em decorrência de desmatamento, de poluições diversas, acarretando aquecimento global, alterações climáticas diversificadas, desaparecimento de espécies, e etc.. Conclui-se que ganhamos liberdade que foi invocada e conquistada paulatinamente, desde a revolução francesa, mas pouco trabalhamos pela fraternidade e igualdade. Estes ideais precisam ser lapidados.
Portanto, se quisermos deixar um Planeta com um Meio Ambiente ecologicamente equilibrado, permitindo a todos uma sadia qualidade de vida, precisamos tirar o pé do acelerador, termos a humildade de reconhecer que o mais importante não é ter o domínio da realidade e sim estarmos em comunhão com ela.
Consoante Leonardo Boff faz-se necessário uma nova utilização da ciência e tecnologia. Utilizá-las com a natureza, em favor dela e jamais contra
ela (4).

Autora: Dila Maria Bahiense Maciel

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:


(1) BOFF, Leonardo. Ecologia: grito da terra, grito dos pobres. Rio de Janeiro: Sextante, 2002. p. 29

(2) Op. cit. p. 21

(3) Op. cit. p. 26

(4) Op. cit. p. 29

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